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Queimadas no Pantanal: um problema nosso

Luciana Pilati Polli**

Nas últimas semanas, especialmente nos últimos dias, as queimadas no Pantanal têm ganhado destaque nas manchetes nacionais e mundiais. O maior bioma úmido do mundo vem enfrentando o paradoxo de uma de suas piores secas. A situação é exponencialmente agravada pelo fogo utilizado para o aumento ganancioso das pastagens. Esse triste somatório já resulta em recordes históricos de focos de incêndio na região.

Até então, o Pantanal parecia distante, e as queimadas aparentavam não ter o potencial de atingir o resto do país. A chegada das nuvens de fumaça à atmosfera catarinense e o fenômeno da chuva preta no Estado vizinho do Rio Grande do Sul, a exemplo do que vem ocorrendo na Europa em razão dos incêndios na Califórnia, revelam que, em se tratando de meio ambiente, não há nada que não seja ‘nosso’.

Os efeitos negativos da degradação não têm limites territoriais ou temporais; não elegem ricos ou pobres, culpados ou inocentes; não põem a salvo animais em extinção, espécies raras ou populações tradicionais. A destruição da natureza pode até ter local e data, mas os seus efeitos são transfronteiriços, intertemporais – e, por vezes, impiedosos.

A natureza pode se regenerar, é verdade, mas até certo ponto. Não há nada que justifique a perpetuação da mentalidade predatória e a insensibilidade que coloca em risco a própria sobrevivência da humanidade e do meio ambiente. O Pantanal mato-grossense merece sempre ser respeitado e preservado, e a sua destruição é, sim, um ‘problema nosso’.

Estamos testemunhando o fogo arder e destruir a biodiversidade da flora e da fauna. Atônitos ou indiferentes que estejamos, o certo é que o problema é nosso, e se nada for feito num futuro breve – todos agonizaremos!

Luciana Pilati Polli

Promotora de Justiça e Coordenadora do Centro de Apoio Operacional do Ministério Público

 

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