Sugestões foram apresentadas numa reunião entre parlamentares, governo federal, lideranças indígenas e instituições
O secretário Robson Santos da Silva, da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), anunciou a possibilidade de implantação de uma “força tarefa” para conter a disseminação do Covid-19 entre os Xavantes. A informação é do senador Wellington Fagundes (PL-MT) que participou, hoje (02.07) de reunião da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas. Robson Santos deverá fazer uma visita a Barra do Garças neste sábado.
Segundo o senador, a situação é alarmante. Há informações de que pelo menos 13 indígenas já morreram em consequência do vírus e mais de 200 estariam contaminados. O prefeito de Barra do Garças, Roberto Farias, confirma o alto índice de casos e relata a superlotação do sistema público de saúde.
Na terça-feira, Fagundes se reuniu com a ministra Damares Alves, da Mulher, Família e Direitos Humanos para pedir apoio à instalação de um Hospital de Campanha em Barra do Garças exclusivamente para atender aos indígenas e desafogar as UTIs do município, que se encontram superlotadas. A questão também foi discutida pelo senador do PL, na semana anterior, com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.
“Já levamos o problema ao Ministério da Saúde, Funai, Sesai, Casa Civil, Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos e já pedi uma agenda para falar sobre o assunto com o próprio presidente Jair Bolsonaro”, diz o senador Wellington Fagundes. “No sábado, é possível que a ministra Damares também venha até Barra do Garças”, conta.
Na reunião desta quinta-feira, a presidente da Frente Parlamentar, deputada federal Joenia Wapichana (Rede-RR), diz que o número de mortes pode chegar a 30. “O índice de letalidade do Covid entre os Xavantes é de 11,7%. Enquanto o índice nacional é de 4,5%”, relata.
Entre os fatores que facilitam a contaminação estão a baixa imunidade dos indígenas, o alto índice de diabetes e alcoolismo, além de questões culturais, como o hábito de se deslocarem em grupo. No caso dos Xavantes, as aldeias estão muito próximas das cidades, onde vão buscar recursos financeiros e comprar alimentos. Como têm dificuldades no uso da máscara e do distanciamento social, acabam se contaminando e levando o vírus para as aldeias.
Durante a reunião da Frente Parlamentar, lideranças indígenas também relataram casos de Covid-19 em outras etnias como os Umutina e Bororo.
A opinião da maioria é de que seja montada uma força tarefa para conter a disseminação do vírus, que deve incluir a implantação de novas estruturas de saúde (hospitais de campanha), a realização de testes, uma campanha de orientação das formas de prevenção e a instalação de barreiras sanitárias montadas pelo Exército para isolar as aldeias.
“Essa situação foi anunciada. O novo coronavírus pode dizimar todo o povo Xavante. Sabíamos que, se o vírus chegasse às aldeias, seria um problema muito sério”, disse a deputada federal Rosa Neide Sandes (PT-MT).Coordenador da bancada federal de Mato Grosso, o deputado Neri Geller confirmou o esforço de todos para encontrar uma solução para o problema.
“Este é o momento de união de todos. Não é o caso de dividir as atribuições, mas de somar os esforços”, disse o chefe da Casa Civil de MT, Mauro Carvalho, que representou o governador Mauro Mendes na reunião.
Ezequiel Roque do Espírito Santo, secretário-adjunto da Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, que representou a ministra Damares na reunião, confirmou a decisão do Governo Federal em montar um plano emergencial para contenção do vírus nas aldeias.
Nesta quinta-feira, o Supremo Tribunal Federal determinou que o presidente Jair Bolsonaro se manifeste, em 48 horas, sobre ação proposta pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e por vários partidos políticos pedindo a instalação de barreiras sanitárias em terras indígenas.
Da assessoria