Pelo menos 300 toneladas de alimentos já foram distribuídos para os animais que sobreviveram aos incêndios no pantanal. O trabalho é realizado pelo Posto de Atendimento Emergencial de Animais Silvestres (Paeas), localizado no km 17 de Transpantaneira, em Poconé, e organizações não governamentais.
O trabalho ainda se faz necessário porque, apesar da volta das chuvas e da pequena recuperação da vegetação nativa, muitos animais não encontram seus alimentos naturais, principalmente os que consomem frutas nativas.
Frutas
Segundo o biólogo Wladimir Rodrigues, da Universidade Estadual de Maringá (PR), as frutas (banana, mamão, melancia etc.) são exóticas para a fauna e flora pantaneiras, mas são a única alternativa hoje possível para garantir a sobrevivência dos animais do pantanal, que enfrentam a chamada “fome cinzenta” em decorrência dos incêndios registrados no período da seca, quando cerca de 4 milhões de hectares foram consumidos pelo fogo em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
“Gradativamente, vamos diminuir esse trabalho. Estamos preocupados em não criar o hábito nos animais de não buscarem comida por conta própria. Além disso, essas frutas não fazem parte, normalmente, do cardápio deles”, diz.
Um helicóptero alugado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) é utilizado na distribuição dos alimentos em locais estratégicos.
Comissão
O trabalho foi acompanhado in-loco, nesta quinta-feira (26.11), pelo senador Wellington Fagundes (PL-MT), que preside uma Comissão Temporária Externa do Senado criada para acompanhar a situação do pantanal com as queimadas registradas.
“Já temos a oportunidade de ver o verde voltando a brotar no pantanal, assim como vemos a volta dos animais característicos do bioma, mas não podemos esquecer a tragédia ambiental que aconteceu neste ano”, lembra.
Água
Além da distribuição de alimentos, a Sema e a Associação Mato-grossense dos Municípios fazem um trabalho de prospecção para a implantação de poços artesianos de grande fluxo no pantanal para garantir o abastecimento de caminhões-pipa e do próprio Corpo de Bombeiros durante eventuais incêndios. “Durante o período da seca e desses incêndios, vivemos a dificuldade de conseguir água para combater o fogo”, conta o coronel Paulo André da Silva Barroso, que coordena o Paeas. O trabalho é coordenado pelo geólogo Ricardo Cortes, da AMM.
O Paeas também continua com o trabalho de resgate e tratamento de animais atingidos pelo fogo. Hoje, três deles ainda estão sob os cuidados de profissionais, como explica o médico veterinário Fernando Rogério de Siqueira. “Ao total, pelo menos 207 animais foram resgatados e tratados durante esse período dos incêndios”, conta.