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Turismo reclama de burocracia para acessar ajuda financeira

Prazos maiores, juros menores e acesso facilitado às linhas de financiamento estão entre as maiores reivindicações do segmento do turismo em Mato Grosso e foram apresentadas, nesta segunda-feira (18.05) durante reunião realizada com o senador Wellington Fagundes (PL-MT). Hoje, o setor está entre os mais afetados pela pandemia do coronavírus, com o cancelamento de vôos, atrativos turísticos fechados, o isolamento social e o fechamento das fronteiras.

Segundo avaliação do setor, apesar da disponibilização de linhas de financiamento e outros programas do governo federal para ajuda emergencial neste momento, os empresários e trabalhadores do turismo contam que não conseguem acessar os benefícios e muitos já convivem com o desemprego, o acúmulo de dívidas e a ameaça da falência total. “E não há perspectivas de retomada imediata da atividade”, diz Luiz Carlos Nigro, presidente do Sindicato dos Hotéis, Bares, Restaurantes de Mato Grosso.

Presidente da Federação de Pesca Esportiva e Turismo Sustentável no Estado, Tarso Lopes confirma: 95% dos pacotes turísticos foram cancelados. Os barcos-hotéis estão sem trabalhar desde novembro, por causa da piracema. E quando estaríamos voltando a trabalhar, veio a pandemia”, diz.

Suzi Miranda, presidente do Sindicato de Guias de Turismo, também confirma a situação difícil em que se encontram os trabalhadores do setor.

Nesta segunda-feira, donos de vans e ônibus fizeram uma nova manifestação em frente a Assembleia Legislativa e Palácio Paiaguás para reclamar do abandono do setor.

Omar Canavarros, representante da Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagens) e presidente do Singetur (Sindicato das Empresas de Turismo de Mato Grosso), diz que as linhas de financiamento hoje são limitadas e não chegam até o empresário. Segundo dados do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), apenas 1% dos recursos disponíveis já foram captados pela iniciativa privada. “A burocracia e a exigência de garantias muito altas dificultam”, diz.

E o cenário não aponta uma recuperação imediata. “Ninguém sabe quando essa pandemia vai passar”, alerta Jaime Okamura, ex-secretário de Turismo do Estado. Ele acredita que a retomada se dará pelo turismo interno e ressalta o potencial de Mato Grosso, que oferece produtos diferenciados por ser o único lugar no mundo onde existem três biomas (pantanal, Chapada e Amazônia).

Braúlio Olivera, da Associação de Ecoturismo do Pantanal, acredita que o ecoturismo deve ser a opção a se desenvolver após a pandemia e, nesse aspecto, Mato Grosso tem muito a oferecer.

O secretário estadual César Miranda, de Desenvolvimento Econômico, reforça a importância de definição de políticas apropriadas e o apoio do governo federal.

O futuro do setor também é alvo de rodadas de negócios que vêm sendo realizadas pela Secretaria Adjunta do Turismo e, segundo Jeferson Moreno, reúne agências e donos de atrativos na busca de soluções.

O senador Wellington Fagundes já relatou ao ministro da Economia, Paulo Guedes, as dificuldades para acessar as linhas de financiamento e outros programas do governo federal. Segundo ele, em alguns casos, “é preciso levar ouro ao banco para conseguir a prata”, disse referindo-se ao excesso de exigências.

Wellington Fagundes é membro da comissão mista criada para acompanhar a execução orçamentária e financeira das medidas relacionadas ao combate à pandemia e ouviu, no final de abril, o ministro Guedes. Até então, o governo federal havia gasto pouco mais de 22% dos R$ 252,5 bilhões liberados para o combate ao covid-19.

“O Congresso está fazendo a sua parte. O governo federal precisa ser mais ágil”, diz.