Mudanças na gestão das propriedades rurais e das próprias unidades de conservação, a adoção de atividades complementares como o turismo e a produção do mel podem estar entre as alternativas econômicas sustentáveis para o pantanal.
As sugestões vêm sendo apresentada à Comissão Externa do Senado Federal pela Embrapa, que já desenvolve modelos inovadores de gestão e manejo em 15 propriedades no pantanal de Mato Grosso, numa parceria com a Federação da Agricultura (Famato), Associação de Criadores (Acrimat) e o Senar (Serviço Nacional de Assistência Rural).
Estatuto
A Comissão Externa tem a missão de elaborar o Estatuto do Pantanal já que o bioma não tem legislação federal. Formada por senadores de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, a comissão deve apresentar o resultado dos trabalhos em 90 dias. “Um bioma dessa importância para o Brasil e o mundo precisa de uma legislação que permita atividade econômica aliada à preservação”, defende o presidente da Comissão, senador Wellington Fagundes (PL-MT).
A Embrapa Pantanal está em Corumbá (MS) e já desenvolve pesquisas para contribuir com o desenvolvimento de atividades econômicas sustentáveis no bioma. Entre as pesquisas, estão o manejo adequado de pastagens nativas para melhorar seu aproveitamento, a substituição controlada de parte dessas pastagens por pastagens cultivadas e a adoção de reprodução assistida e controlada do gado.
“A atividade da pecuária pode aliar-se ao turismo e à produção de mel para tornar-se mais rentável”, defende o chefe da Embrapa Pantanal, José Antônio Ferreira de Lara.
Queimadas
Ao analisar as queimadas registradas neste ano, que já consumiram cerca de 20% do bioma, Jorge Lara lembra das mudanças climáticas, que impõem novos modelos de gestão e manejo para todas as atividades no pantanal.
As sugestões da Embrapa devem ser ampliadas e aprofundadas durante reunião da Comissão Externa do Senado marcada para o dia 03 de outubro, em Corumbá.
Na reunião com o presidente nacional da Embrapa, Celso Luiz Moretti, pediu uma parceria do órgão com a Universidade Federal de Rondonópolis para a implantação de um campo experimental para as ciências agrárias. Wellington Fagundes também defende a implantação de uma unidade da Embrapa no Sudeste de Mato Grosso, a exemplo da que está instalada em Sinop.
“A Embrapa é imprescindível para o Brasil e fundamental para o desenvolvimento da produção agrícola e pecuária no Brasil graças à pesquisa e transferência de tecnologias”, diz o senador.
Para ele, a Embrapa deve incluir, entre suas prioridades, o desenvolvimento da agricultura familiar e a produção de hortifrutigranjeiros em Mato Grosso. “Até hoje, dependemos das frutas, verduras e legumes produzidos em outras regiões do Brasil”, diz.
O presidente da Embrapa colocou o órgão à disposição da Comissão Externa do Senado e na criação de parcerias com universidades e outras instituições de pesquisa.